Lei Simplificada

sábado, 26 de abril de 2014

Um conto do vigário

 Atenção: essa história é verídica, ocorreu há uns dez ou quinze anos e nos foi contada por um parente da vítima que, por razões óbvias, não fez BO na polícia. 

Certo dia o Sr. Vitimus estava em sua revenda de veículos quando surgiu em sua frente um homem bem vestido, com gel no cabelo, barba bem feita e um sorriso enorme no rosto: o Sr. Rolando Lero. O Sr. Rolando aproximou-se de uma pick-up usada que estava à venda e pediu informações sobre o veículo, informações essas que foram prontamente prestadas por Vitimus.

Depois o Sr. Rolando olhou mais duas pick-ups e pediu: “quanto ficam as três caminhonetes juntas?” Vitimus calculou o preço e o informou a Rolando, que em seguida foi até um carro estacionado em frente à loja e trouxe de lá uma mala. Dentro dessa mala havia uma grande quantia de dinheiro em espécie. Rolando tirou alguns maços de $ - representando o valor somado das três caminhonetes – e os entregou a Vitimus.

Desconfiado, Vitimus fez algumas perguntas a Rolando:

- Em que o Sr. trabalha?

- Eu possuo uma concessionária de tratores e preciso de caminhonetes para que meus vendedores visitem as propriedades dos meus clientes.

- E qual a razão de carregar tanto dinheiro em espécie?

- Sabe como é, não quero pagar muito imposto de renda...

Vitimus se dirigiu com Rolando até o centro da cidade, onde assinou os documentos de compra e venda dos veículos. Rolando ficou com o n.º do telefone da loja e foi buscar um caminhão para levar os carros embora.

No dia seguinte o telefone toca. Era Rolando do outro lado da linha:

- E então, depositou o dinheiro no banco?

- Sim.

- Não deu problema nenhum?

- Não, por quê?

- É que esse dinheiro era falso...

Nesse momento, Vitimus tem um turbilhão de pensamentos e emoções: “que safado”! “Eu poderia ter sido preso”! “Mas espera”... “Esse dinheiro é tão bem falsificado que enganou o banco”! “Vou ver se esse cara não me vende um pouco”...

- Ei! Eu quero comprar um pouco dessa grana, você vende?

- Sim, a cada R$ 100,00 que você me trouxer em dinheiro verdadeiro eu te entrego R$ 300,00 de dinheiro falsificado, minha cotação é 3 por 1.

- Ok, eu vou querer R$ 300.000,00, é possível?

- Sim, me traga R$ 100.000,00 dentro de uma pasta no hotel Tal à hora Tal. Vá sozinho e diga na portaria que quer falar com Rolando.

À hora combinada, lá foi Vitimus. Rolando tinha falado com o porteiro que receberia uma visita e que era para deixá-la subir para o quarto na hora em que chegasse, bastando um aviso pelo telefone.

Chegando ao quarto, Rolando interrogou Vitimus:

- Você veio sozinho? Alguém te seguiu? Posso te revistar? Deixe-me ver o dinheiro...

Vitimus abriu a pasta em que tinha levado os R$ 100.000,00 e mostrou o dinheiro a Rolando. Então Rolando falou: “eu deixei o meu $ no cofre do hotel”. “Espere aqui que eu já volto com os teus R$ 300.000,00 falsificados”. “Fique aqui vendo televisão e me dê uns vinte minutos”.

Rolando pegou a pasta com o dinheiro, passou na portaria e deixou uma gorda gorjeta para o funcionário do hotel, foi para o seu carro e nunca mais voltou. Conclusão: desconfie sempre que alguém te oferecer uma chance inacreditável de ganhar dinheiro fácil.  

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Veja também: a ata de tabelião: um documento com fé pública

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